terça-feira, 26 de julho de 2011

Os Dêiticos

Chamamos de dêiticos os elementos linguísticos que fazem referência ao falante, à situação de produção de um dado enunciado ou mesmo ao momento em que o enunciado é produzido. Em geral, funcionam como dêiticos os pronomes pessoais e demonstrativos, bem como os advérbios de lugar e de tempo, elementos que evidentemente se encarregam de "embrear" o enunciado, situando-o no contexto espaço-temporal em que se realiza.

Trata-se, pois, da utilização de palavras apontando para a situação em que o discurso é materializado. Por isso, é indispensável que haja o conhecimento partilhado dessa situação de produção para que os elementos dêiticos façam sentido na interação comunicativa.

Dependendo da localização do referente, um elemento linguístico pode ser classificado como dêitico ou como anafórico. Se o referente se localizar no texto, então o elemento que é usado para referir-se a ele é uma anáfora. Neste caso, ocorre uma remissão a um referente anteriormente citado e, por isso, passível de ser reconhecido pelo interlocutor.  Mas, estando o referente na situação comunicativa imediata, então o elemento linguístico de que se vale para apontá-lo é um dêitico.

Acesse a página no Facebook

6 comentários:

  1. Tem como explanar a diferença de uma anáfora e de um dêitico, demonstrando em um texto?

    ResponderExcluir
  2. Basicamente, a diferença entre os dêiticos e as anáforas está no fato de que os primeiros se referem ao contexto extralinguístico, enquanto que os anafóricos retomam elementos já citados e situados no ambiente linguístico. Por exemplo:

    1- Chegamos a São Paulo hoje. Esta cidade me inspira!

    2- Aquele livro sobre a mesa não é meu.

    Em (1) o demonstrativo ESTA refere-se a um elemento linguístico já citado: anáfora, pois. Em (2) o pronome AQUELE faz referência a algo que não está no contexto linguístico, mas extralinguístico. Trata-se, portanto, de um dêitico.
    Logicamente, desconsiderei, neste curto comentário, as diferenciações mais profundas bem como as diversas correntes de pensamento sobre o assunto. Mas, grosso modo, é isso.

    Grato pela participação tão pertinente!

    ResponderExcluir
  3. Após a leitura dos exemplos 1 e 2, ficou esclarecida a diferença entre anáfora e dêitico.Valeu!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado por acessar o Blog e pelos comentários. O assunto da referenciação vai ser abordado em postagens futuras.

      Excluir
  4. Me desculpe a ignorância, mas o segundo não poderia ser anáfora indireta?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Sílvia Mônica, por participar desta discussão acadêmica com tão pertinente pergunta. As anáforas indiretas sempre ocorrem quando um novo elemento (ou objeto-de-discurso) é introduzido a partir de algum tipo de relação associativa, ou ainda como uma ativação endofórica de novos referentes, enfim: é preciso uma âncora que garanta a relação conceitual para que haja uma anáfora indireta. Entretanto, as frases acima, especialmente a 2 a que você se referiu, são construções didáticas sem contexto nem co-texto mais amplos que possibilitem uma análise que não seja meramente ilustrativa e estilizada. Cabe acrescentar que a diferença entre anáfora indireta e dêitico é assunto sobre o qual os grandes linguistas estão debruçados, divergindo muitas vezes. Fica aqui uma dica de campo de estudo. Grato mais uma vez pela sua participação.

      Excluir

Deixe aqui seu comentário!